20.9.02

Matança

Cipó caboclo tá subindo na virola
chegou a hora do pinheiro balançar
sentir o cheiro do mato da imburana
descansar morrer de sono na sombra
da barriguda

De nada vale tanto esforço do meu canto
pra nosso espanto tanta mata haja vão matar,
tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica
arvoredos seculares impossível replantar

Que triste sina teve o cedro nosso primo
desde menino que eu nem gosto de falar
depois de tanto sofrimento seu destino
virou tamborete mesa cadeira balcão de bar

Quem por acaso ouviu falar na sucupira
parece até mentira que o jacarandá
antes de virar poltrona porta armário
morar no dicionário vida eterna milenar

Quem hoje é vivo corre perigo
e os inimigos do verde da sombra,
o ar que se respira e a clorofila
das matas virgens destruídas vão lembrar

Que quando chegar a hora, é certo que não demora
não chame nossa Senhora só quem pode nos salvar...

É caviúna, cerejeira, baraúna, imbuia, pau-d'arco, salva, juazeiro, jatobá
Gonçalo-alves, paraíba, itaúba, louro, ipê, paracaúba, peroba, massaranduba
Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro, catuaba, janaúba, aroeira, aratibá
Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira, andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá

Jatobá