Poema de Sete Faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundom,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Carlos Drummond de Andrade
16.1.02
14.1.02
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa
10.1.02
Manchete do Maga.zine (do estadão.com.br, aqui): "Uma luz sobre a vida erótica de Pompéia".
Vou fechar bem as janelas lá de casa...
Vou fechar bem as janelas lá de casa...
A melhor versão que vi até agora sobre o episódio do Fernando Dutra Pinto no flat.
Do Relatório Alfa - Boato liga empresário Silvio Santos ao Serviço Secreto Israelense, o Mossad; que foi também reproduzindo no Consultor Jurídico.
Do Relatório Alfa - Boato liga empresário Silvio Santos ao Serviço Secreto Israelense, o Mossad; que foi também reproduzindo no Consultor Jurídico.
Me parece enorme para o blog, mas é ótimo. O original está aqui. Para quem não sabe, o Aldo Rebelo é autor de um projeto de lei que coíbe a utilização abusiva de expressões estrangeiras; a origem do quiproquó abaixo eu perdi, mas o Millôr é demais.
Confusão de palavras
Millôr Fernandes é processado por deputado
Millôr Fernandes*
Legislador, não passes da corrupção. A língua é a mais complexa, a mais milagrosa, a mais estranha, a mais gigantesca e variada invenção humana. E nada é mais dinâmico e menos sujeito a tutelas autoritárias. Agora, mais uma vez, vê-se um cidadão, ''eleito pelo povo'', propor uma lei proibindo o uso de palavras estrangeiras em nosso cotidiano, hebdomadário e até anuário.
Pera aí: estava em sua proposta de governo que ele tinha autoridade para interferir no que eu falo, escrevo ou pinto em minha tabuleta? Ele sabe, literalmente, do que está falando? Quanta idioletice! PS: Não adianta correr ao Aurélio.
1) Reproduzindo texto supostamente meu, o deputado bota, como meu, se referindo a ele: ''Ele sabe do que está falando? Quanta idiotice!". Ora, eu escrevi idioletice. Acredito, portanto, que não cometi o ''crime'' de que o deputado e sua advogada Zilah Joly me acusam. O deputado nem leu corretamente o que escrevi e confundiu idioletice com idiotice, o que é uma comprovação da mesma.
2) O título Não Passes da Corrupção (e não estou me retratando) quer dizer exatamente o que diz. Ressoa a Não Passes dos Sapatos, recomendação que se faz a quem trata de um assunto de que não entende, extrapolando do que entende ou devia entender. Exemplo clássico: o sapateiro, de quem o pintor aceitou a crítica sobre os sapatos de seu quadro, começa a criticar o quadro todo.
3) Não coloquei o nome do autor, já que não era o caso, em se tratando de um absoluto leigo no assunto (e anônimo no geral) sobre o qual pretendia legislar, a língua nossa. Não dele, pelo visto. Ele não parece entender do que está falando. Será que o Vossa Excelência aceitaria pequena sabatina, tipo português lecionado no segundo ginasial?
4) Bem, o ''comprometimento da honorabilidade'' do moço, pra ser tão grave, precisaria, pelo menos, do uso do seu nome. Sem o uso do nome a desonra fica restrita ao convívio de seus pares (e ímpares), que devem conhecer muito bem sua honra, e cultura, geral e específica. E saber que o jornalista que o desonra é, no mínimo, um leviano.
5) Mesmo acabada a imunidade geral, o parlamentar tem direito total (compreende-se que até, ocasionalmente, ofensivo ou resvalando por aí) ao uso de sua palavra. Não pode ser condenado por isso. E o jornalista, que vive só e apenasmente da palavra, não pode nem discordar da legislação semântica do parlamentar sem ficar sujeito a pagar R$ 30.200?
6) Não reconheço autoridade (mas isso é coisa minha) lingüística nem na ABL, nem na OAB. Há profissionais do ramo em ambas as entidades, mas à maioria eu não entregaria meu cachorro lingüístico pra passear na praia. Preferiria que o caso - em sua parte específica - fosse julgado por entidades mais especializadas.
7) Embora não seja necessário, devido a se atribuir alto conhecimento da língua que defende, explico aqui ao nobre deputado o que significa a palavra idioletice. É palavra criada por mim com sentido evidente. Mas apenas coloquei a desinência ice na palavra IDIOLETO. Ah, e o que é idioleto?
Vejamos:
Aurélio: Idioleto: S.m. E.Ling. 1. A fala de um único indivíduo.
Houaiss (definição mais barroca): Idioleto: Sistema lingüístico de um único indivíduo, que reflete suas características pessoais, os estímulos a que foi submetido, sua biografia etc. (Pertence ao campo da langue, e não da parole, porque trata de particularidades lingüísticas constantes, não fortuitas. Depreendido de dialeto).
Il Nuovo ZINGARELLI - Vocabolario della lingua italiana: Idiolétto: Linsieme degli usi di una lingua carateristtico di um dato individuo, in un determinato momento.
The Oxford Companion to the English Language: Idiolect: (1940. From greek, idios personal, and - lect as in dialect). In linguistics, the language special to an individual, sometimes described as a ''personal dialect''.
The Cambridge Encyclopedia of Language. David Crystal: Idiolect: Probably no two people are identical in the way they use language or react to the usage of others. In recent years sociolinguists have begun to use lect as general term in this way. A Suplement to the Oxford English Dictionar: Idiolect-1948. B.Bloch in Languages XXIV.7. The totality of the possible utterances of one speaker at one time in using one language to interact with other speaker is an idiolect.
Diccionário de uso del espanol actual: Idiolecto: En lingüistico, modo característico que cada hablante tiene de emplear sua lingua. (Importante, deputado: o prefácio deste dicionário é de Gabriel García Márquez. Vale a pena ler.) 1948.
Archivum linguisticum: Idioletical diversty is an invitable result of the productivity inherent in every single individual linguistic habits.
8) PS. Ah, deputado José Aldo Rebelo e advogada Dra. Zilah Joly: na página 07, linha 6, antepenúltima palavra da linha, de vosso brilhante arrazoado, existe um à (a craseado), que mostra certo desconhecimento da língua normatizada. Eu não ligo não, defendo mesmo a tese de que a crase não existe em português do Brasil, mas tem gente no foro que repara.
PPS. É famoso; Monsieur Jourdain, o novo-rico de Molière, querendo comprar cultura prêt-à-porter, ficou besta quando o professor contratado lhe explicou o que era prosa: ''Prosa é isso, Mestre? Quer dizer que eu falo prosa sem saber?''. Me processando agora e me obrigando a esta dissertação, o deputado Aldo Rebelo prestou enorme serviço a todos vocês e amáveis (e grosseiros também, por que não?) leitores. De hoje em diante poderão empinar o nariz diante de pessoas ignorantes e dizer com orgulho: ''Eu só falo idioleto''.
O artigo de Millôr Fernandes está publicado no UOL
Revista Consultor Jurídico, 10 de janeiro de 2002.
Confusão de palavras
Millôr Fernandes é processado por deputado
Millôr Fernandes*
Legislador, não passes da corrupção. A língua é a mais complexa, a mais milagrosa, a mais estranha, a mais gigantesca e variada invenção humana. E nada é mais dinâmico e menos sujeito a tutelas autoritárias. Agora, mais uma vez, vê-se um cidadão, ''eleito pelo povo'', propor uma lei proibindo o uso de palavras estrangeiras em nosso cotidiano, hebdomadário e até anuário.
Pera aí: estava em sua proposta de governo que ele tinha autoridade para interferir no que eu falo, escrevo ou pinto em minha tabuleta? Ele sabe, literalmente, do que está falando? Quanta idioletice! PS: Não adianta correr ao Aurélio.
1) Reproduzindo texto supostamente meu, o deputado bota, como meu, se referindo a ele: ''Ele sabe do que está falando? Quanta idiotice!". Ora, eu escrevi idioletice. Acredito, portanto, que não cometi o ''crime'' de que o deputado e sua advogada Zilah Joly me acusam. O deputado nem leu corretamente o que escrevi e confundiu idioletice com idiotice, o que é uma comprovação da mesma.
2) O título Não Passes da Corrupção (e não estou me retratando) quer dizer exatamente o que diz. Ressoa a Não Passes dos Sapatos, recomendação que se faz a quem trata de um assunto de que não entende, extrapolando do que entende ou devia entender. Exemplo clássico: o sapateiro, de quem o pintor aceitou a crítica sobre os sapatos de seu quadro, começa a criticar o quadro todo.
3) Não coloquei o nome do autor, já que não era o caso, em se tratando de um absoluto leigo no assunto (e anônimo no geral) sobre o qual pretendia legislar, a língua nossa. Não dele, pelo visto. Ele não parece entender do que está falando. Será que o Vossa Excelência aceitaria pequena sabatina, tipo português lecionado no segundo ginasial?
4) Bem, o ''comprometimento da honorabilidade'' do moço, pra ser tão grave, precisaria, pelo menos, do uso do seu nome. Sem o uso do nome a desonra fica restrita ao convívio de seus pares (e ímpares), que devem conhecer muito bem sua honra, e cultura, geral e específica. E saber que o jornalista que o desonra é, no mínimo, um leviano.
5) Mesmo acabada a imunidade geral, o parlamentar tem direito total (compreende-se que até, ocasionalmente, ofensivo ou resvalando por aí) ao uso de sua palavra. Não pode ser condenado por isso. E o jornalista, que vive só e apenasmente da palavra, não pode nem discordar da legislação semântica do parlamentar sem ficar sujeito a pagar R$ 30.200?
6) Não reconheço autoridade (mas isso é coisa minha) lingüística nem na ABL, nem na OAB. Há profissionais do ramo em ambas as entidades, mas à maioria eu não entregaria meu cachorro lingüístico pra passear na praia. Preferiria que o caso - em sua parte específica - fosse julgado por entidades mais especializadas.
7) Embora não seja necessário, devido a se atribuir alto conhecimento da língua que defende, explico aqui ao nobre deputado o que significa a palavra idioletice. É palavra criada por mim com sentido evidente. Mas apenas coloquei a desinência ice na palavra IDIOLETO. Ah, e o que é idioleto?
Vejamos:
Aurélio: Idioleto: S.m. E.Ling. 1. A fala de um único indivíduo.
Houaiss (definição mais barroca): Idioleto: Sistema lingüístico de um único indivíduo, que reflete suas características pessoais, os estímulos a que foi submetido, sua biografia etc. (Pertence ao campo da langue, e não da parole, porque trata de particularidades lingüísticas constantes, não fortuitas. Depreendido de dialeto).
Il Nuovo ZINGARELLI - Vocabolario della lingua italiana: Idiolétto: Linsieme degli usi di una lingua carateristtico di um dato individuo, in un determinato momento.
The Oxford Companion to the English Language: Idiolect: (1940. From greek, idios personal, and - lect as in dialect). In linguistics, the language special to an individual, sometimes described as a ''personal dialect''.
The Cambridge Encyclopedia of Language. David Crystal: Idiolect: Probably no two people are identical in the way they use language or react to the usage of others. In recent years sociolinguists have begun to use lect as general term in this way. A Suplement to the Oxford English Dictionar: Idiolect-1948. B.Bloch in Languages XXIV.7. The totality of the possible utterances of one speaker at one time in using one language to interact with other speaker is an idiolect.
Diccionário de uso del espanol actual: Idiolecto: En lingüistico, modo característico que cada hablante tiene de emplear sua lingua. (Importante, deputado: o prefácio deste dicionário é de Gabriel García Márquez. Vale a pena ler.) 1948.
Archivum linguisticum: Idioletical diversty is an invitable result of the productivity inherent in every single individual linguistic habits.
8) PS. Ah, deputado José Aldo Rebelo e advogada Dra. Zilah Joly: na página 07, linha 6, antepenúltima palavra da linha, de vosso brilhante arrazoado, existe um à (a craseado), que mostra certo desconhecimento da língua normatizada. Eu não ligo não, defendo mesmo a tese de que a crase não existe em português do Brasil, mas tem gente no foro que repara.
PPS. É famoso; Monsieur Jourdain, o novo-rico de Molière, querendo comprar cultura prêt-à-porter, ficou besta quando o professor contratado lhe explicou o que era prosa: ''Prosa é isso, Mestre? Quer dizer que eu falo prosa sem saber?''. Me processando agora e me obrigando a esta dissertação, o deputado Aldo Rebelo prestou enorme serviço a todos vocês e amáveis (e grosseiros também, por que não?) leitores. De hoje em diante poderão empinar o nariz diante de pessoas ignorantes e dizer com orgulho: ''Eu só falo idioleto''.
O artigo de Millôr Fernandes está publicado no UOL
Revista Consultor Jurídico, 10 de janeiro de 2002.
3 homenagens.
“Como encadernação vistosa feita para iletrados, a mulher se enfeita. Mas ela é um livro místico e somente a alguns, a que tal graça se consente, é dado lê-la.” Péricles Cavalcanti e Augusto de Campos, a partir de um poema de John Donne, poeta do século XVII
“Não me venha falar na malícia de toda mulher, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.” Caetano
“Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz e atrás desta mulher, mil homens sempre tão gentis...” Chico
“Como encadernação vistosa feita para iletrados, a mulher se enfeita. Mas ela é um livro místico e somente a alguns, a que tal graça se consente, é dado lê-la.” Péricles Cavalcanti e Augusto de Campos, a partir de um poema de John Donne, poeta do século XVII
“Não me venha falar na malícia de toda mulher, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.” Caetano
“Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz e atrás desta mulher, mil homens sempre tão gentis...” Chico
9.1.02
Nunca me interessei por desfiles de carnaval (e provavelmente vou continuar assim), mas neste ano eu tenho escola para torcer.
Unidos da Tijuca, com o samba de enredo O Sol Brilha Eternamente Sobre o Mundo De Língua Portuguesa
Portugal
Nas caravelas do idioma naveguei
Nessa aventura lusitana
Os cinco continentes alcancei
"bordei" palavras sobre as Ondas do mar ( Oi! do mar )
E na linha do horizonte
A língua se fez poesia uma odisséia de amor
"Navegar é preciso" de angola ao timor ( ô,ô,ô )
Cultura ! riqueza !
Iluminando o mundo de língua portuguesa
Trago à mesa a alegria e amor !
Que a família tijucana, chegou !
Com bom papo e harmonia e samba no pé !
A minha língua, é minha pátria, é minha fé !
Sopra o vento dos deuses
Pra língua "semear"
Na costa africana na voz dos orixás
"Temperei" com arte em goa
E mercados de macau
Fala brasil ! brasil ...
A "morenice" em um povo encontrei
Mundo novo me apaixonei hoje é só sedução
Salve a luta do timor !
Pela "liberdade expressão"
Rasgou no céu um cometa
Explode em sete cores
A nova era, oito esplendores
A língua é força, é união
A homenagem vem na cauda do pavão
Autores: Haroldo Pereira e Valtinho
Intérprete: Wantuir
Unidos da Tijuca, com o samba de enredo O Sol Brilha Eternamente Sobre o Mundo De Língua Portuguesa
Portugal
Nas caravelas do idioma naveguei
Nessa aventura lusitana
Os cinco continentes alcancei
"bordei" palavras sobre as Ondas do mar ( Oi! do mar )
E na linha do horizonte
A língua se fez poesia uma odisséia de amor
"Navegar é preciso" de angola ao timor ( ô,ô,ô )
Cultura ! riqueza !
Iluminando o mundo de língua portuguesa
Trago à mesa a alegria e amor !
Que a família tijucana, chegou !
Com bom papo e harmonia e samba no pé !
A minha língua, é minha pátria, é minha fé !
Sopra o vento dos deuses
Pra língua "semear"
Na costa africana na voz dos orixás
"Temperei" com arte em goa
E mercados de macau
Fala brasil ! brasil ...
A "morenice" em um povo encontrei
Mundo novo me apaixonei hoje é só sedução
Salve a luta do timor !
Pela "liberdade expressão"
Rasgou no céu um cometa
Explode em sete cores
A nova era, oito esplendores
A língua é força, é união
A homenagem vem na cauda do pavão
Autores: Haroldo Pereira e Valtinho
Intérprete: Wantuir
8.1.02
Definição de botequim para o Jaguar, em entrevista para o jornal O Povo, de Fortaleza (aqui a entrevista completa):
Um bom botequim tem que ter principalmente um bom dono. Se o dono é chato já azeda. Tem que ter um garçom que te compreenda. Um garçom é quase como um caso que você tem com uma mulher. Só que é muito mais difícil achar um bom garçom do que uma boa mulher! (risos) Gosto do garçom automático. Aqueles que não preciso pedir, eles já sabem o que quero. Primeiro tomo um steinhager, depois uns cinco chopes, depois uísque, depois tomo um cafezinho e um Underberg, entendeu? (risos) Então, os frequentadores têm que ser profissionais também. Tem que ser um bar frequentado por gente do ramo. Amadores são chatos, com dois ou três chopes ficam de porre e começam a brigar, reclamam da conta. Porque faz parte: os bons garçons roubam você e você sabe que ele está roubando. Daí deixa ele roubar porque senão interrompe o processo. O amador também fala alto, pede para sentar na sua mesa... No meu livro tem um manual do Tom Jobim contra os chatos. Ele ensina que primeiro você tem que ficar numa mesa central, não encostada na parede porque o cara pode te acuar e você tá ferrado. Você tem que usar óculos escuros, porque o chato exige atenção pupilar e se ele pega você pelo olho acabou-se. O chato te cutuca e eu detesto que me toquem, entendeu? Fora os perdigotos que ele joga em cima de você, porque ele começa a falar alto e cospe pra todo lado. Também tem que ter um mínimo de limpeza no banheiro, mas não precisa ser muita não. Por exemplo, um dos melhores bares do Rio é o Bar Brasil: tem um chope fantástico, o melhor garçom do Rio, o Chico, que é um garçom automático. Mas o banheiro é um desastre.
Um bom botequim tem que ter principalmente um bom dono. Se o dono é chato já azeda. Tem que ter um garçom que te compreenda. Um garçom é quase como um caso que você tem com uma mulher. Só que é muito mais difícil achar um bom garçom do que uma boa mulher! (risos) Gosto do garçom automático. Aqueles que não preciso pedir, eles já sabem o que quero. Primeiro tomo um steinhager, depois uns cinco chopes, depois uísque, depois tomo um cafezinho e um Underberg, entendeu? (risos) Então, os frequentadores têm que ser profissionais também. Tem que ser um bar frequentado por gente do ramo. Amadores são chatos, com dois ou três chopes ficam de porre e começam a brigar, reclamam da conta. Porque faz parte: os bons garçons roubam você e você sabe que ele está roubando. Daí deixa ele roubar porque senão interrompe o processo. O amador também fala alto, pede para sentar na sua mesa... No meu livro tem um manual do Tom Jobim contra os chatos. Ele ensina que primeiro você tem que ficar numa mesa central, não encostada na parede porque o cara pode te acuar e você tá ferrado. Você tem que usar óculos escuros, porque o chato exige atenção pupilar e se ele pega você pelo olho acabou-se. O chato te cutuca e eu detesto que me toquem, entendeu? Fora os perdigotos que ele joga em cima de você, porque ele começa a falar alto e cospe pra todo lado. Também tem que ter um mínimo de limpeza no banheiro, mas não precisa ser muita não. Por exemplo, um dos melhores bares do Rio é o Bar Brasil: tem um chope fantástico, o melhor garçom do Rio, o Chico, que é um garçom automático. Mas o banheiro é um desastre.
Em Portugal, como cá...
Abuso da palavra "escalada" por jornalistas provoca consternação geral
A utilização abusiva da palavra "escalada" por grande parte dos jornalistas televisivos portugueses tem vindo a provocar a consternação e a revolta de cidadãos dos mais diversos sectores da sociedade. Esta verdadeira praga começou há relativamente pouco tempo com o início das acções militares israelitas movidas contra os territórios sob administração palestiniana e consequente retaliação árabe e, de então para cá, tem crescido até atingir as proporções de que hoje se reveste.
De início, falava-se em "escalada de violência" mas, de um momento para o outro, alguma mente particularmente esclarecida descobriu que a palavra "escalada" por si só podia significar "aumento de actividade bélica". No espaço de alguns dias, todas as referências ao conflito israelo-árabe incluíam várias vezes a palavra "escalada" em toda a sua magnificência solitária.
Apesar deste significado obscuro do termo, desconhecido de uma grande parte das pessoas medianamente alfabetizadas e também de muitos jornalistas televisivos, que torna correcta a utilização da palavra com este sentido, o bombardeamento dos tímpanos daqueles que por gosto, necessidade ou doença vêem noticiários na televisão começa a tornar-se insuportável para muito boa gente.
"É horrível. Quem ouve aquilo fica a pensar que a faixa de Gaza é um paraíso para alpinistas com tanta escalada," afirma José Raposo, o conhecido actor revisteiro que entrevistámos em plena Avenida da Liberdade a respeito deste assunto.
A mesma opinião é partilhada por outras figuras públicas. Eduardo Prado Coelho, intelectual profissional, considera que "é tão irritante como um prefácio da Divina Comédia de Dante com menos de 8 parágrafos." Confessou-nos ainda que ele próprio desconhecia este significado da palavra "escalada" enquanto acabava de vestir o seu fato de pai Natal para alegrar as crianças num conhecido centro comercial lisboeta.
Vasco Graça Moura, outro nome grande do nosso panorama cultural e columbófilo, compara o comportamento dos jornalistas televisivos ao de uma criança com "um brinquedo novo." "Normalmente as crianças acabam por se fartar com o tempo quando a novidade passa," disse, lançando mais um dos seus pombos à atmosfera.
A Inépcia alia-se à revolta geral e, a bem da sanidade mental de todos nós, deixa aqui uma lista de palavras que poderão ser usadas em vez da tenebrosa "escalada." Esperamos que ajude.
Conflito
Guerra
Confronto
Porradol
Pancada
Berbicacho
Imbróglio
Pancadaria
Sarapatel
Embrulhada
Disparate
O original aqui.
Abuso da palavra "escalada" por jornalistas provoca consternação geral
A utilização abusiva da palavra "escalada" por grande parte dos jornalistas televisivos portugueses tem vindo a provocar a consternação e a revolta de cidadãos dos mais diversos sectores da sociedade. Esta verdadeira praga começou há relativamente pouco tempo com o início das acções militares israelitas movidas contra os territórios sob administração palestiniana e consequente retaliação árabe e, de então para cá, tem crescido até atingir as proporções de que hoje se reveste.
De início, falava-se em "escalada de violência" mas, de um momento para o outro, alguma mente particularmente esclarecida descobriu que a palavra "escalada" por si só podia significar "aumento de actividade bélica". No espaço de alguns dias, todas as referências ao conflito israelo-árabe incluíam várias vezes a palavra "escalada" em toda a sua magnificência solitária.
Apesar deste significado obscuro do termo, desconhecido de uma grande parte das pessoas medianamente alfabetizadas e também de muitos jornalistas televisivos, que torna correcta a utilização da palavra com este sentido, o bombardeamento dos tímpanos daqueles que por gosto, necessidade ou doença vêem noticiários na televisão começa a tornar-se insuportável para muito boa gente.
"É horrível. Quem ouve aquilo fica a pensar que a faixa de Gaza é um paraíso para alpinistas com tanta escalada," afirma José Raposo, o conhecido actor revisteiro que entrevistámos em plena Avenida da Liberdade a respeito deste assunto.
A mesma opinião é partilhada por outras figuras públicas. Eduardo Prado Coelho, intelectual profissional, considera que "é tão irritante como um prefácio da Divina Comédia de Dante com menos de 8 parágrafos." Confessou-nos ainda que ele próprio desconhecia este significado da palavra "escalada" enquanto acabava de vestir o seu fato de pai Natal para alegrar as crianças num conhecido centro comercial lisboeta.
Vasco Graça Moura, outro nome grande do nosso panorama cultural e columbófilo, compara o comportamento dos jornalistas televisivos ao de uma criança com "um brinquedo novo." "Normalmente as crianças acabam por se fartar com o tempo quando a novidade passa," disse, lançando mais um dos seus pombos à atmosfera.
A Inépcia alia-se à revolta geral e, a bem da sanidade mental de todos nós, deixa aqui uma lista de palavras que poderão ser usadas em vez da tenebrosa "escalada." Esperamos que ajude.
Conflito
Guerra
Confronto
Porradol
Pancada
Berbicacho
Imbróglio
Pancadaria
Sarapatel
Embrulhada
Disparate
O original aqui.
2.1.02
Uma ressuscitada neste blog,... ao menos agora, durante a calmaria do início do ano, enquanto digiro o balanço 2001. Ano esquisito, aliás, sem muitos meio termos, sem aquela de dizer ‘ah, foi um ano tranqüilo, sem grandes boas ou ruins, etc, etc.’; parece-me que tudo ou foi muito bom ou muito ruim.
Desafio óbvio de 2002 é deixar o bom como está, no mínimo, e resolver os casos que tanto me incomodam, ora bolas!
2002 que, colaboração à cultura inútil geral da nação, é uma ‘capicua’: número que, lido da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, apresenta o mesmo valor.
Dizem ser também sinal de boa sorte. Tomara.
História interessante, mas incompleta, que lembrei agora: um físico (de onde?) chamado (qual o nome?), muito conhecido por seu ceticismo, mantinha uma ferradura pendurada em seu escritório. Ao ser questionado sobre a superstição em manter o objeto, respondeu:
- Dizem que dá sorte até para quem não acredita.
Colaboração 2: a próxima capicua é 2112.
Desafio óbvio de 2002 é deixar o bom como está, no mínimo, e resolver os casos que tanto me incomodam, ora bolas!
2002 que, colaboração à cultura inútil geral da nação, é uma ‘capicua’: número que, lido da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, apresenta o mesmo valor.
Dizem ser também sinal de boa sorte. Tomara.
História interessante, mas incompleta, que lembrei agora: um físico (de onde?) chamado (qual o nome?), muito conhecido por seu ceticismo, mantinha uma ferradura pendurada em seu escritório. Ao ser questionado sobre a superstição em manter o objeto, respondeu:
- Dizem que dá sorte até para quem não acredita.
Colaboração 2: a próxima capicua é 2112.
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