Rui Barbosa, voltando do Senado, ao entrar em casa ouviu um barulho esquisito vindo do quintal. Chegando lá, constatou que havia um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, zás!, o surpreendeu tentando pular o muro com seus amados patos.
Batendo nas costas do invasor, ameaçou:
"Ô, bucéfalo, não é pelo valor intrínseco dos bípedes palmíferes, e sim pelo ato vil e sorrateiro de galgares as profanas de minha residência. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas, se é para zombares de minha alta prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica no alto de tua sinagoga que isso reduzir-te-á à quinquagésima potência do que o vulgo denomina nada".
O ladrão, confuso, quis saber:
"Ô, moço, eu levo ou deixo os patos?".
Nelson de Oliveira (escritor, autor de, entre outros, "O Filho do Crucificado" (Ateliê Editorial)).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário